Quando falamos em deepfake, muita gente já imagina aquelas montagens bizarras (e às vezes assustadoramente realistas) de rostos famosos trocados em vídeos. Mas o buraco é mais embaixo — principalmente quando entramos no território adulto. Afinal, até onde vai o direito de criar conteúdos assim? Até onde começa o crime? É um tema que ainda gera muita discussão, inclusive entre especialistas em direito digital e privacidade.
O que deixa tudo ainda mais nebuloso é que a tecnologia evolui numa velocidade absurda. Um dia, a gente está lidando com filtros bobos de aplicativo; no outro, já existem vídeos praticamente impossíveis de diferenciar da realidade. Dá um certo frio na barriga pensar nisso, né? Imagine alguém ver sua imagem (ou de alguém famoso) inserida em um conteúdo explícito sem autorização… complicado demais!
Ao mesmo tempo, é inegável: existe um mercado que cresce justamente em cima disso. Conteúdos adultos com uso de deepfake são buscados por milhares de pessoas todos os dias. E aí vem a pergunta — o que é fantasia e o que é violação? Como o direito encara isso tudo, sem parecer um dinossauro que não entende as novas tecnologias?
Enfim, é um papo que precisa ser aberto, sem hipocrisia e sem extremismos. Vamos mergulhar em alguns pontos importantes para entender melhor os limites legais, as zonas cinzentas e os riscos envolvidos nesse universo que mistura tecnologia, desejo e, infelizmente, muitos dilemas éticos.
O que configura ilegalidade no uso de deepfake adulto?
Existem vários tipos de deepfake, mas quando falamos em vídeos adultos, a linha entre o aceitável e o criminoso é muito tênue. A principal questão gira em torno do consentimento: se a pessoa cuja imagem foi usada não autorizou, temos aí um problema seríssimo. Não importa se o vídeo parece “falso” ou “obviamente editado” — a simples associação já pode gerar danos morais.
Em alguns casos, produtores de conteúdo acabam flertando perigosamente com essa fronteira. Plataformas grandes do setor adulto, como a própria Brazzer, investem em produções altamente realistas, mas sempre utilizando atores contratados e com contratos bem amarrados. Isso, claro, é o cenário ideal e legal. O problema é que nem todo mundo segue o manual, né?
Aliás, vale ressaltar que o uso indevido da imagem pode gerar não apenas processos civis (indenização por danos morais), mas também enquadramento em crimes específicos, como a divulgação de material íntimo não autorizado, que é gravíssimo. Então, resumindo: consentimento é a palavra mágica aqui — sem ele, o deepfake adulto é, quase sempre, ilegal.
Quando o conteúdo é consensual, ainda há riscos?
Agora você pode estar pensando: “Ok, se a pessoa autorizou, está tudo liberado, né?”. Mais ou menos. Mesmo quando existe um acordo explícito, ainda há brechas jurídicas que podem complicar a vida de quem publica ou distribui o conteúdo. Por exemplo, o consentimento pode ser limitado no tempo, na forma de divulgação ou nas plataformas onde o vídeo é disponibilizado.
Outro ponto importantíssimo: a pessoa tem o direito de retirar esse consentimento a qualquer momento. E aí, quem não remove o conteúdo pode ser processado mesmo assim. Complexo? Demais. Um exemplo claro disso aparece em vídeos que simulam cenas de mulheres gozando usando rostos populares — às vezes, a própria pessoa se arrepende depois.
A legislação, apesar de ainda estar se adaptando, já reconhece o direito à imagem como algo inalienável. Ou seja: ninguém pode abrir mão desse direito para sempre. Você pode ceder o uso por um tempo, mas não renunciar a ele completamente. Um detalhe que muita gente esquece — e que acaba virando dor de cabeça no futuro.
Famosos e celebridades: um alvo fácil para deepfakes
Talvez um dos pontos mais polêmicos envolvendo deepfake seja o uso de imagens de celebridades. Não faltam exemplos de atrizes, cantoras e influenciadoras sendo “colocadas” em cenas adultas sem qualquer envolvimento real. Isso, além de ultrajante, é ilegal na maioria dos países — mesmo quando o público “sabe” que o vídeo é falso.
O caso da Juliana Bonde pelada ilustra bem como celebridades viram alvos fáceis nesse tipo de manipulação. Basta uma imagem pública, uma sessão de fotos ou um simples story no Instagram para alimentar bancos de dados usados por criadores de deepfakes.
O problema é que o dano vai muito além da imagem pública. Muitas vítimas relatam sofrimento psicológico, medo de exposição ainda maior e dificuldades profissionais. Afinal, por mais que o vídeo seja falso, a associação entre a pessoa e o conteúdo explícito fica registrada — na internet, para sempre é pouco.
O impacto nos sites adultos e o uso não autorizado de conteúdo
Sites adultos têm sido pressionados (e processados) cada vez mais por conta do armazenamento e veiculação de deepfakes sem autorização. Não adianta colocar um aviso genérico dizendo “isso é ficção” — se o conteúdo viola a imagem de alguém, o site pode ser responsabilizado.
Plataformas de grande acesso, como X porn, acabam sendo obrigadas a criar mecanismos mais sofisticados para detectar e remover conteúdos problemáticos. Ferramentas de reconhecimento facial, denúncias rápidas e auditorias internas são algumas das estratégias que vêm sendo usadas para tentar reduzir o problema.
Só que nem sempre é suficiente. A produção de deepfakes é tão rápida e em escala tão grande que, muitas vezes, o conteúdo circula durante dias antes de ser derrubado — o que já é o suficiente para causar danos irreversíveis. Um verdadeiro desafio para o futuro da indústria adulta online.
Deepfake amador: o perigo do “faça você mesmo”
Antigamente, criar um deepfake decente exigia equipamentos caros e muita habilidade técnica. Hoje? Um adolescente entediado consegue fazer isso com aplicativos gratuitos e alguns tutoriais do YouTube. A democratização dessa tecnologia trouxe um problemaço: o aumento vertiginoso de deepfakes amadores e maliciosos.
Vídeos feitos de forma caseira, com montagens mal feitas, mas que ainda assim viralizam rapidamente, acabam surgindo em plataformas conhecidas como X videos. E não pense que o fato de ser “amador” diminui o impacto — para quem é alvo, a dor é a mesma, às vezes até pior, porque o conteúdo parece mais “natural”.
Esses vídeos muitas vezes passam despercebidos pelas ferramentas de moderação. E, claro, quem cria nem sempre entende (ou se importa) com as consequências legais. Mas a responsabilidade criminal existe do mesmo jeito — inclusive para menores de idade, que podem ser responsabilizados conforme a legislação vigente.
O papel da legislação e os desafios futuros
O sistema jurídico tem tentado acompanhar essa nova realidade, mas, convenhamos, a velocidade da tecnologia é muito maior do que a capacidade de adaptação das leis. Em muitos países, ainda existem lacunas enormes sobre o uso de inteligência artificial para criar conteúdo adulto não autorizado.
Projetos de lei que tratam especificamente sobre deepfake estão surgindo, propondo penas mais duras para quem utiliza a imagem alheia sem consentimento. No entanto, a eficácia dessas leis depende não só da punição, mas também da capacidade de investigação — e nisso, muitos órgãos ainda patinam feio.
Além disso, há um debate ético que transcende o jurídico: até que ponto a sociedade está preparada para lidar com o fato de que ver “não é mais acreditar”? Como vamos proteger a privacidade em um mundo onde qualquer rosto pode ser manipulado em qualquer contexto?