O que a lei diz sobre consultas médicas online?

Por Parceria Jurídica

26 de fevereiro de 2025

A telemedicina já é uma realidade consolidada, mas sua regulamentação ainda é um tema que gera dúvidas entre médicos e pacientes. Afinal, as consultas médicas online seguem as mesmas regras das presenciais? Existem limitações legais para esse tipo de atendimento? E, acima de tudo, os pacientes estão protegidos pela legislação?

Desde a pandemia da COVID-19, a telemedicina passou a ser amplamente utilizada e reconhecida como uma alternativa eficiente para consultas e acompanhamento médico. No entanto, com essa expansão, foi necessário estabelecer diretrizes claras para garantir a segurança e a ética no atendimento remoto.

A legislação brasileira já prevê normas específicas para consultas médicas online, garantindo que o atendimento à distância seja seguro, ético e sigiloso. Além disso, o Conselho Federal de Medicina (CFM) estabelece regras para o uso da telemedicina, visando proteger tanto os pacientes quanto os profissionais de saúde.

Mas, para que esse modelo funcione corretamente, é essencial que as plataformas e os sistemas utilizados estejam em conformidade com a lei. Vamos entender melhor o que a legislação brasileira diz sobre consultas médicas online e quais são as regras que devem ser seguidas.

 

O que a legislação brasileira diz sobre telemedicina?

A telemedicina no Brasil é regulamentada pela Lei nº 13.989/2020, sancionada durante a pandemia da COVID-19. Essa lei permitiu o uso da telemedicina de forma emergencial, possibilitando consultas, diagnósticos e prescrições à distância. Desde então, a prática vem sendo aprimorada e novas regulamentações têm sido discutidas para torná-la definitiva.

Além da lei, o Conselho Federal de Medicina (CFM) também estabelece diretrizes para o exercício da telemedicina. Segundo a Resolução CFM nº 2.314/2022, os médicos podem realizar consultas remotas, desde que respeitem critérios éticos e técnicos que garantam a qualidade do atendimento.

É essencial que as consultas online sejam realizadas por meio de uma plataforma de telemedicina que esteja adequada às normas vigentes. Isso inclui a proteção de dados do paciente, a privacidade da comunicação e a preservação do sigilo médico.

 

Prescrição de medicamentos e atestados médicos online

Uma das principais dúvidas sobre consultas médicas online é se os médicos podem prescrever medicamentos e emitir atestados remotamente. A resposta é sim, desde que sejam seguidos os protocolos legais e as assinaturas eletrônicas adequadas.

De acordo com a legislação, receitas médicas e atestados podem ser emitidos digitalmente, desde que possuam certificação digital no padrão ICP-Brasil. Isso garante a autenticidade do documento e impede fraudes, permitindo que farmácias e empregadores reconheçam a validade dessas prescrições.

Para facilitar esse processo, um sistema para telemedicina pode integrar soluções de assinatura digital e envio automático de documentos, garantindo que pacientes recebam suas receitas de forma segura e prática.

 

Limitações das consultas médicas online

Embora a telemedicina traga muitas facilidades, há algumas limitações que precisam ser respeitadas. Nem todos os atendimentos podem ser feitos de forma remota, especialmente aqueles que exigem exames físicos detalhados ou procedimentos médicos presenciais.

Casos de urgência e emergência, por exemplo, não devem ser tratados por meio de consultas online. Nesses casos, o paciente deve buscar atendimento em hospitais ou unidades de pronto atendimento.

Além disso, algumas especialidades médicas, como ortopedia e cardiologia, podem exigir exames físicos específicos que não podem ser realizados à distância. Nesses casos, a plataforma teleconsulta pode ser utilizada para um primeiro atendimento, mas o paciente poderá ser encaminhado para uma consulta presencial, se necessário.

 

Proteção de dados e sigilo médico

Outro aspecto fundamental da regulamentação da telemedicina é a proteção dos dados dos pacientes. Com a digitalização dos atendimentos, tornou-se essencial garantir que as informações médicas estejam seguras contra acessos não autorizados.

A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) estabelece diretrizes para o armazenamento e uso de informações pessoais e de saúde. Isso significa que qualquer sistema de teleconsulta deve adotar medidas de segurança, como criptografia e controle de acesso, para proteger os dados dos pacientes.

Além disso, o sigilo médico continua sendo uma obrigação dos profissionais de saúde, independentemente do meio utilizado para a consulta. Nenhuma informação pode ser compartilhada sem o consentimento do paciente, exceto em casos previstos na legislação.

 

Responsabilidades do médico e do paciente

A regulamentação da telemedicina também define as responsabilidades tanto do médico quanto do paciente durante a consulta online. O profissional de saúde deve garantir um atendimento ético e adequado, seguindo todas as normas estabelecidas pelo CFM.

Isso inclui fornecer informações claras ao paciente, garantir que a consulta seja realizada em um ambiente seguro e respeitar os limites da telemedicina. Caso o médico identifique que o atendimento remoto não é suficiente para o diagnóstico, ele deve encaminhar o paciente para uma consulta presencial.

Por outro lado, o paciente também tem suas responsabilidades. Ele deve fornecer informações precisas ao médico, utilizar um ambiente adequado para a consulta e seguir as orientações médicas corretamente. Além disso, deve garantir que a conexão e os dispositivos utilizados sejam seguros, evitando o compartilhamento de dados com terceiros.

 

O futuro da regulamentação da telemedicina

Com o avanço da tecnologia e a crescente adesão às consultas médicas online, é provável que a regulamentação da telemedicina continue evoluindo. O CFM e outros órgãos reguladores estão constantemente atualizando as normas para garantir que o atendimento remoto seja seguro e eficaz.

A tendência é que novas legislações sejam implementadas para padronizar ainda mais esse tipo de atendimento, permitindo que ele seja cada vez mais acessível e seguro para a população.

Enquanto isso, é essencial que médicos e pacientes utilizem apenas plataformas confiáveis, que sigam as normas de segurança e respeitem as regulamentações vigentes. Dessa forma, a telemedicina continuará sendo uma alternativa viável e eficiente para o atendimento médico à distância.

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