Conheça seus direitos: cobertura de tratamentos para doenças crônicas

Por Parceria Jurídica

10 de setembro de 2024

Pessoas que convivem com doenças crônicas enfrentam desafios diários tanto no cuidado de sua saúde quanto no acesso a tratamentos adequados. No Brasil, o sistema de saúde, tanto público quanto privado, garante a cobertura de tratamentos para diversas condições crônicas. Conhecer seus direitos é fundamental para garantir que todos os recursos necessários estejam acessíveis e que o tratamento seja eficaz e contínuo.

A legislação brasileira prevê que planos de saúde e o Sistema Único de Saúde (SUS) ofereçam cobertura para os tratamentos de doenças crônicas, como medicamentos, internações e consultas especializadas. No entanto, muitos pacientes encontram dificuldades para obter acesso a certos procedimentos ou medicamentos de alto custo.

Neste artigo, vamos explorar os direitos dos pacientes com doenças crônicas em relação à cobertura de tratamentos, com foco em como o sistema de saúde brasileiro oferece suporte e quais são os desafios enfrentados pelos pacientes.

 

Direitos garantidos pela ANS para doenças crônicas

No Brasil, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) regulamenta os planos de saúde e estabelece a lista de tratamentos que devem ser cobertos obrigatoriamente. Para quem vive com condições crônicas, como diabetes, hipertensão e doença de Crohn, é essencial entender que existe uma cobertura mínima obrigatória para tratamentos, que inclui consultas, exames, terapias e até cirurgias quando necessárias.

Entre os direitos assegurados estão o acesso a medicamentos e tratamentos contínuos para controle da doença. Além disso, em casos de complicações, os planos de saúde devem cobrir internações e tratamentos emergenciais. O paciente também tem direito ao atendimento por médicos especialistas e à realização de exames periódicos que ajudem a monitorar a evolução da doença.

Caso o plano de saúde negue a cobertura de algum tratamento previsto pela ANS, o paciente pode recorrer à ouvidoria da operadora e, em última instância, à justiça, garantindo o acesso ao tratamento necessário.

 

Cobertura pelo Sistema Único de Saúde (SUS)

O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamentos para uma ampla gama de doenças crônicas, sendo uma alternativa importante para pacientes que não possuem planos de saúde. Para aqueles que convivem com a doença de Crohn, por exemplo, o SUS disponibiliza medicamentos e tratamentos de alta complexidade sem custo direto ao paciente. Além disso, o SUS oferece programas de acompanhamento contínuo para pessoas com condições crônicas, facilitando o acesso a consultas e exames regulares.

O SUS também garante o acesso a medicamentos de alto custo por meio do Programa de Medicamentos de Dispensação Excepcional. Esses medicamentos são fornecidos de forma gratuita para pacientes que necessitam de tratamentos que não estão disponíveis na lista básica. No entanto, o processo para obter esses medicamentos pode ser burocrático, exigindo uma série de documentos e laudos médicos.

Apesar de ser um sistema universal, o SUS enfrenta desafios como filas de espera e falta de medicamentos em algumas localidades, o que pode dificultar o acesso ao tratamento contínuo.

 

Como lidar com a negativa de cobertura

Mesmo com direitos garantidos pela legislação, é comum que pacientes enfrentem a negativa de cobertura por parte dos planos de saúde para tratamentos específicos. Pacientes com doença de Crohn e outras condições crônicas, por exemplo, podem ter dificuldade em obter a cobertura de medicamentos ou tratamentos experimentais. No entanto, é importante saber que essa negativa pode ser contestada.

A ANS regula as coberturas obrigatórias, e o plano de saúde não pode recusar tratamentos incluídos no rol de procedimentos da agência. Quando o plano se recusa a cobrir determinado tratamento, o paciente pode solicitar por escrito a justificativa da negativa, que deve ser baseada em critérios técnicos. Em seguida, é possível recorrer à ouvidoria do plano ou à ANS para mediar a questão.

Se o impasse não for resolvido administrativamente, o paciente pode buscar auxílio jurídico. Em muitos casos, a justiça tem concedido liminares favoráveis, obrigando os planos de saúde a arcar com os tratamentos necessários, especialmente quando há risco à saúde do paciente.

 

Conheça seus direitos: cobertura de tratamentos para doenças crônicas

 

A importância de entender a cobertura contratual

Ao contratar um plano de saúde, é fundamental entender detalhadamente o que está coberto pelo contrato. Pacientes com doenças crônicas, como a doença de Crohn, precisam verificar se o plano cobre tratamentos de alta complexidade, internações, terapias de manutenção e medicamentos específicos. O contrato deve ser claro sobre os procedimentos inclusos e os que são considerados opcionais ou fora de cobertura.

Existem diferentes tipos de planos de saúde no mercado, como planos ambulatoriais, hospitalares ou com cobertura completa, e cada um deles oferece um nível diferente de atendimento. Pacientes com doenças crônicas devem optar por planos que ofereçam cobertura hospitalar e ambulatorial completa, garantindo que consultas de rotina, exames e possíveis internações estejam incluídos.

Além disso, é importante avaliar o prazo de carência do plano de saúde, pois para doenças preexistentes, as operadoras podem exigir um período maior antes de liberar alguns tratamentos, o que pode ser um problema para quem precisa de cuidados imediatos.

 

Medicamentos de alto custo e tratamentos experimentais

Uma das maiores dificuldades enfrentadas pelos pacientes com doenças crônicas é o acesso a medicamentos de alto custo ou tratamentos experimentais. Muitos planos de saúde não cobrem esses tratamentos, alegando que não estão previstos no rol da ANS ou que são considerados experimentais. No entanto, tratamentos como os necessários para doenças complexas, incluindo a doença de Crohn, podem envolver medicamentos ou procedimentos de alto valor, indispensáveis para a melhora da condição do paciente.

Nesses casos, é possível recorrer a programas governamentais de fornecimento de medicamentos de alto custo ou, em última instância, à justiça para garantir o acesso ao tratamento. Além disso, algumas empresas farmacêuticas oferecem programas de assistência para facilitar o acesso a medicamentos inovadores.

É fundamental que o paciente esteja informado sobre seus direitos e busque auxílio especializado para garantir que seu tratamento seja completo, mesmo em casos que envolvem terapias inovadoras e de alto custo.

 

Conclusão

Conhecer os direitos relacionados à cobertura de tratamentos para doenças crônicas é essencial para garantir que o paciente receba o cuidado necessário. Tanto o SUS quanto os planos de saúde privados têm a obrigação de fornecer o tratamento adequado para essas condições, mas, muitas vezes, é preciso que o paciente entenda suas coberturas e saiba como recorrer em casos de negativa.

O planejamento adequado e a busca por informações detalhadas sobre as coberturas contratuais podem evitar surpresas desagradáveis, especialmente quando se trata de tratamentos de alta complexidade ou medicamentos de alto custo. Além disso, o conhecimento dos caminhos legais e administrativos disponíveis permite que o paciente lute por seus direitos de forma mais eficaz.

Em resumo, estar bem informado sobre os direitos de cobertura pode fazer toda a diferença no tratamento de doenças crônicas, garantindo um cuidado contínuo e de qualidade sem comprometer a saúde financeira do paciente.

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