O que é necessário para obter licenciamento ambiental?

Por Parceria Jurídica

30 de abril de 2025

Quando se fala em empreendimentos que impactam o meio ambiente — desde construções até atividades industriais — é inevitável esbarrar em uma palavrinha: licenciamento ambiental. Pode parecer só mais uma exigência burocrática, mas na verdade, é um dos instrumentos mais importantes para equilibrar desenvolvimento econômico e preservação ambiental.

Muita gente se assusta só de ouvir o termo. Imagina que é algo extremamente técnico, demorado, caro… e sim, pode até ser complexo em alguns casos. Mas com as informações certas — e o acompanhamento adequado — o processo se torna bem mais acessível do que parece. A questão é saber por onde começar e o que exatamente é exigido.

O licenciamento ambiental não é um único documento. Ele é, na verdade, um processo composto por etapas, análises técnicas, pareceres e, muitas vezes, consultas públicas. Cada fase tem sua função e serve para garantir que a atividade não traga prejuízos irreversíveis ao meio ambiente — e à comunidade do entorno.

Então, se você pretende abrir um negócio, iniciar uma obra ou expandir sua operação, é essencial entender o que o licenciamento exige. Neste artigo, vamos explorar tudo que é necessário para obter a licença, com uma abordagem prática e direta — daquelas que realmente ajudam na hora de pôr a mão na massa.

 

Entendendo o que é o processo de licenciamento

Primeira coisa: não dá pra falar em meio ambiente e obras humanas sem algum tipo de regulação. E é exatamente isso que o processo de licenciamento busca fazer — permitir que o empreendimento aconteça, mas com responsabilidade. A ideia é simples: antes de causar qualquer impacto, é preciso avaliar, planejar e, se necessário, mitigar danos.

O processo geralmente envolve três fases principais: a licença prévia (LP), a licença de instalação (LI) e a licença de operação (LO). Cada uma tem requisitos diferentes, e todas são interdependentes — ou seja, você precisa de uma para conseguir a próxima. Sem atalho, sem jeitinho.

Essas etapas incluem estudos técnicos (como EIA/RIMA), análises de impacto, laudos, mapas e uma boa dose de diálogo com os órgãos ambientais. Tudo isso serve para garantir que a atividade seja viável, tanto do ponto de vista ambiental quanto legal.

 

Documentação essencial para dar entrada no pedido

Não adianta: qualquer um dos licenciamentos ambientais começa com papelada. Mas, calma — não é tão assustador assim. A documentação exigida varia conforme o tipo e o porte da atividade, mas algumas exigências são praticamente universais.

Entre os documentos mais comuns estão: CNPJ ou CPF do empreendedor, matrícula do imóvel, planta de localização, memorial descritivo da atividade, levantamento topográfico, e claro, o famoso estudo ambiental (que pode ser um EIA, RAS, PCA, entre outros). Dependendo do caso, você ainda vai precisar de outorgas, certidões ou laudos complementares.

O ideal é consultar o órgão ambiental competente — que pode ser municipal, estadual ou federal — para saber exatamente o que é necessário no seu caso. Isso evita retrabalho, atrasos e frustrações no meio do processo. Organização, aqui, é tudo.

 

Estudos ambientais e a importância do EIA/RIMA

Quando a atividade tem potencial significativo de impacto, é comum que o órgão exija um Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e seu respectivo Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). Esses documentos são a espinha dorsal de qualquer licença ambiental mais complexa.

O EIA é um documento técnico detalhado, elaborado por equipe multidisciplinar, que identifica, analisa e propõe formas de mitigar os impactos que o projeto pode causar. Já o RIMA é uma versão mais acessível, voltada para o público em geral — porque sim, a sociedade tem o direito de participar do processo.

Esses estudos incluem tudo: solo, vegetação, fauna, recursos hídricos, população local, patrimônio histórico… é uma análise profunda. E, dependendo do caso, o órgão pode exigir até mesmo audiências públicas para discutir os resultados com a comunidade.

 

Órgãos competentes e onde buscar as licenças

Outro ponto que costuma gerar dúvida: onde solicitar as licenças ambientais? A resposta varia. Em atividades de pequeno porte ou impacto local, o processo pode ser feito junto ao órgão ambiental municipal. Já para projetos maiores, com impacto regional ou estadual, o processo corre via órgão estadual (como a CETESB, no caso de SP). Atividades de grande porte ou impacto nacional são avaliadas pelo IBAMA.

A definição do órgão responsável está ligada ao tipo de impacto e à abrangência geográfica da atividade. Por isso, antes de iniciar qualquer movimentação, é crucial identificar qual instância responde pela sua área.

Também é possível que o processo envolva mais de um órgão — especialmente em áreas de preservação, zonas costeiras ou locais com interferência de rios federais. Nesses casos, o empreendedor precisa coordenar as exigências de forma integrada, o que exige um bom planejamento técnico e jurídico.

 

Prazo e tempo médio para obtenção da licença

Essa é uma pergunta que todo empreendedor faz: quanto tempo demora? E a resposta é… depende. O tempo de análise varia conforme a complexidade do projeto, a qualidade da documentação apresentada e a estrutura do órgão ambiental envolvido.

Projetos mais simples podem obter licenças em poucos meses. Já aqueles que exigem EIA/RIMA ou envolvem áreas sensíveis podem levar de um a dois anos, ou até mais. A participação da sociedade, consultas públicas e ajustes no projeto podem estender ainda mais esse prazo.

Mas atenção: boa parte dos atrasos ocorre por falhas na documentação ou falta de planejamento. Contar com uma equipe técnica especializada desde o início faz toda a diferença. Uma documentação bem feita, clara e objetiva, costuma acelerar a tramitação e reduzir idas e vindas.

 

Erros comuns que atrasam ou inviabilizam o processo

Quer saber o que mais atrapalha um licenciamento? Erro de estratégia. Muitas vezes, o empreendedor subestima a complexidade do processo e tenta fazer tudo “por conta própria” ou sem orientação técnica adequada. Isso geralmente resulta em retrabalho — ou pior, em indeferimento do pedido.

Outro erro clássico é iniciar a obra ou atividade sem a licença em mãos. Isso, além de ilegal, pode gerar multas pesadas, embargos e até ações civis públicas. Sem contar o desgaste com a comunidade local e a imagem da empresa.

Também é comum esquecer de considerar o licenciamento como parte do cronograma do projeto. Ele não é algo que se resolve “depois” — precisa estar no planejamento desde o início. Assim, é possível evitar surpresas, custos extras e atrasos desnecessários.

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