O que dizem as leis sobre turismo embarcado no Brasil

Por Parceria Jurídica

6 de junho de 2025

Quem já fez um passeio de lancha pela costa nordestina sabe: é uma experiência inesquecível. O vento, o mar, o visual das falésias… tudo parece perfeito. Mas por trás dessa tranquilidade aparente, existe um universo de regras, regulamentações e exigências legais que precisam ser seguidas à risca. E o turismo embarcado no Brasil, apesar de parecer simples, é cercado por detalhes jurídicos que nem sempre estão claros para os operadores — nem para os passageiros.

No caso de João Pessoa, onde o turismo náutico cresce a cada temporada, esse debate ganha ainda mais relevância. Afinal, a popularização dos passeios exige uma estrutura sólida, tanto no mar quanto na legislação. As autoridades marítimas, como a Marinha do Brasil, têm um papel fundamental nesse controle, e não é raro ver blitzes em embarcações para verificar documentos, itens de segurança e habilitação do condutor.

Mas será que todos os passeios seguem essas normas? Será que o turista sabe o que pode (e o que não pode) exigir ao contratar esse tipo de serviço? Nem sempre. E é aí que o problema começa. A desinformação — aliada à ausência de fiscalização constante — abre espaço para riscos e irregularidades que comprometem a segurança de todos.

Por isso, entender o que dizem as leis sobre turismo embarcado é mais do que um detalhe técnico: é uma necessidade. Principalmente em destinos como João Pessoa, onde a natureza exuberante se encontra com um mercado turístico em plena expansão. Vamos mergulhar nesse tema, tópico por tópico, com um olhar atento e, claro, sem esquecer o lado humano dessa história.

 

Responsabilidades do receptivo turístico náutico

No contexto do turismo embarcado, o receptivo em João Pessoa assume um papel crucial na ponte entre turistas e operadores náuticos. Ele é responsável por assegurar que o serviço contratado siga todas as normas da Marinha, oferecendo embarcações regularizadas e profissionais habilitados. Mais do que organizar o passeio, o receptivo é corresponsável por garantir a segurança e o cumprimento das leis.

Isso inclui desde a checagem dos documentos da embarcação (como o TIE — Termo de Inscrição de Embarcação) até a verificação de coletes salva-vidas, extintores e capacidade máxima de passageiros. E sim, tudo isso deve ser feito antes mesmo do turista embarcar. Ignorar essas exigências pode configurar negligência e gerar implicações legais sérias para a empresa organizadora.

Mas nem todos os turistas sabem disso. Muitos confiam cegamente no serviço e embarcam sem saber se a lancha tem permissão de navegação ou se o condutor está habilitado. Por isso, os receptivos sérios têm investido em treinamento e tecnologia para garantir transparência e segurança — o que também eleva a experiência do cliente.

 

Impacto ambiental e controle nas piscinas naturais

As piscinas naturais do Seixas são um patrimônio ecológico da região de João Pessoa, e como tal, precisam ser protegidas por leis ambientais específicas. O turismo embarcado nesse tipo de área sensível exige regulamentações extras, tanto em nível municipal quanto federal. A navegação até as piscinas, por exemplo, só pode ocorrer em horários permitidos e com embarcações autorizadas.

Além disso, há limites estabelecidos quanto ao número de visitantes por maré, definidos por órgãos ambientais e pela própria Capitania dos Portos. E isso não é exagero — é uma medida de proteção. O excesso de turistas pode comprometer a fauna e a flora dos recifes, além de poluir as águas e danificar estruturas milenares.

O não cumprimento dessas regras pode gerar multas pesadas, interdições e, em casos mais graves, responsabilização civil e criminal por dano ambiental. O problema é que muitos operadores informais atuam sem esse cuidado, vendendo passeios sem a devida licença. Para o turista, fica o alerta: se o preço está muito abaixo da média, desconfie. Pode estar economizando na hora — mas colocando a natureza (e a própria segurança) em risco.

 

Diferenças legais entre turismo terrestre e marítimo

É comum que agências que operam tanto em terra quanto no mar ofereçam serviços similares — como o passeio de buggy em João Jessoa e os passeios de lancha. Mas a verdade é que as regras que regem essas duas atividades são bem diferentes. No turismo terrestre, o controle é geralmente feito por órgãos de trânsito e turismo; no marítimo, é a Marinha que dá as cartas.

Isso muda tudo: habilitação, documentação, fiscalização, normas de segurança. Um motorista de buggy precisa de CNH específica e autorização do Detran; já um comandante de lancha precisa da Carteira de Habilitação de Amador (CHA), emitida após exames da Marinha. E não adianta improvisar — se algo der errado, as consequências legais são sérias.

Inclusive, a responsabilidade civil também muda. Em terra, a agência costuma ser responsabilizada diretamente por acidentes. No mar, essa responsabilidade pode ser compartilhada com o condutor ou até com a empresa que opera a embarcação. Por isso, o contrato entre agência e parceiro náutico precisa estar bem estruturado — protegendo ambas as partes e, claro, o passageiro.

 

O papel das agências e roteiros legalizados

Para garantir a legalidade dos passeios em João Pessoa, as agências têm se adaptado às novas exigências legais, criando roteiros seguros e autorizados. Esses roteiros são elaborados em parceria com órgãos de turismo e fiscalização, respeitando áreas de preservação e horários permitidos para cada tipo de atividade.

É comum que os roteiros sejam submetidos previamente à Secretaria de Turismo ou ao ICMBio, especialmente quando envolvem áreas protegidas ou comunidades tradicionais. Além disso, é necessário emitir notas fiscais, recolher tributos e manter todos os registros da atividade. Um passeio legalizado não é só mais seguro — ele também é mais transparente e confiável para o turista.

Outro ponto importante é a formalização dos profissionais envolvidos. Guias, condutores e tripulantes devem estar cadastrados nos sistemas de turismo e, sempre que possível, portar crachás ou identificação. Isso dá ao visitante mais segurança e permite que, em caso de qualquer imprevisto, a responsabilidade seja rastreável.

 

Regras específicas para o passeio de lancha

O passeio de Lancha em João Pessoa é uma das experiências mais procuradas por quem visita a capital paraibana. Mas o que muitos não sabem é que ele segue uma série de normas específicas, fiscalizadas pela Capitania dos Portos. A primeira delas é a exigência da habilitação náutica válida para o condutor — seja como amador ou profissional.

Também é obrigatório o uso de coletes salva-vidas para todos os passageiros, além da presença de equipamentos obrigatórios como extintores, boia circular, rádio comunicador e kit de primeiros socorros. Embarcações que operam com turismo ainda precisam de vistoria periódica e autorização para exercer a atividade comercial.

E mais: há limites de velocidade e áreas onde a navegação turística é proibida, como manguezais ou zonas de segurança ambiental. Ignorar essas regras pode render autuações pesadas — e até a apreensão da embarcação. Portanto, o turista também tem papel ativo: perguntar, exigir e escolher operadores legais é uma forma de proteger não só a si, mas o destino como um todo.

 

Consequências jurídicas e deveres do turista

Engana-se quem pensa que só o operador do passeio tem obrigações legais. O turista também tem responsabilidade — inclusive jurídica — durante um passeio embarcado. Por exemplo: se ele se recusa a usar colete salva-vidas ou age de forma imprudente a bordo, pode ser advertido e até retirado da embarcação, dependendo da situação.

Além disso, ao contratar serviços de operadores informais, o turista assume riscos legais e práticos. Em caso de acidente, a responsabilização civil pode ser mais difícil, e o suporte — muitas vezes — inexistente. Já ao optar por empresas regulamentadas, o passageiro tem garantias previstas no Código de Defesa do Consumidor e respaldo legal em caso de incidentes.

Portanto, conhecer os seus direitos e deveres faz parte de uma experiência turística consciente. E, mais do que isso, valoriza os profissionais sérios e compromissados com o crescimento sustentável do turismo brasileiro. No fim das contas, navegar legalmente é navegar com segurança — pra todos.

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