O que a LGPD diz sobre anúncios veiculados via Google Ads

Por Parceria Jurídica

24 de julho de 2025

Você já clicou em um anúncio e se perguntou como, exatamente, ele sabia o que você queria? Ou melhor: como ele chegou até você? A resposta, muitas vezes, está nos dados que você — voluntariamente ou não — compartilhou online. Mas em tempos de Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), essa prática ganhou novos contornos legais e éticos.

Com a LGPD em vigor no Brasil desde 2020, qualquer uso de dados pessoais precisa seguir diretrizes claras. E isso afeta diretamente as campanhas de Google Ads, que dependem fortemente de informações comportamentais, demográficas e contextuais para segmentar o público. Não dá mais pra fazer “do jeito antigo”. Agora, o jogo mudou — e a regra principal é o consentimento.

Mas será que o Google Ads se adapta a esse novo cenário? Sim, e até com certo protagonismo. A própria plataforma evoluiu para oferecer ferramentas que ajudam os anunciantes a se manterem dentro da legalidade. O problema é que nem todo mundo entende como essa engrenagem funciona — e pior, alguns sequer sabem que estão pisando fora da linha.

Então, se você trabalha com anúncios, coleta dados ou tem interesse em divulgar site no google respeitando as diretrizes da LGPD, vale a pena entender como a lei se aplica ao universo do Google Ads. Vamos explorar os pontos críticos dessa relação — e como navegar nesse cenário sem levar susto jurídico.

 

O que configura dado pessoal dentro da LGPD

A LGPD é clara: qualquer informação que possa identificar uma pessoa natural, direta ou indiretamente, é considerada um dado pessoal. Isso inclui nome, e-mail, CPF, mas também informações mais “sutis”, como endereço IP, geolocalização, cookies e até comportamento de navegação. E adivinha o que o Google Ads usa pra segmentar seus anúncios? Pois é…

Quando você coleta ou usa dados para fins de marketing digital, está, sim, lidando com dados pessoais. Mesmo que você não tenha o nome do usuário, se você exibe um anúncio baseado em seus hábitos de navegação, está processando esse dado de forma indireta. E segundo a LGPD, isso exige uma base legal — que geralmente é o consentimento.

A questão é: o consentimento precisa ser claro, livre e informado. Nada de caixinhas marcadas automaticamente ou termos genéricos no rodapé. Se o usuário não deu permissão consciente para que seus dados fossem usados para fins publicitários, qualquer ação nesse sentido pode ser considerada irregular. E as multas… são reais.

 

Consentimento e cookies: a base da segmentação legal

A maioria das estratégias de anunciar site no google usa cookies como principal ferramenta de rastreamento. Esses pequenos arquivos identificam o comportamento do usuário e permitem exibir anúncios com base nos seus interesses. Só que agora, para fazer isso de maneira legal, o site precisa solicitar autorização explícita para o uso desses cookies.

Isso significa implementar banners de consentimento que não só informem, mas também permitam que o usuário escolha quais categorias de cookies aceitar. Não basta simplesmente avisar que o site usa cookies — é preciso deixar claro que eles serão utilizados para fins de publicidade, e dar a opção de recusar esse uso.

Sem essa autorização, os dados não podem ser utilizados para personalização de anúncios. O Google, inclusive, oferece integrações com ferramentas de gestão de consentimento (CMPs) que se comunicam com suas campanhas. Ou seja, se o usuário disser “não”, o sistema respeita — e segmenta apenas com base em dados agregados ou anônimos.

 

Segmentação por saúde e dados sensíveis

Agora, a coisa fica mais delicada. Quando se fala em google ads para médicos, é comum lidar com dados que podem ser classificados como sensíveis. A LGPD define dados sensíveis como aqueles relacionados à saúde, convicções religiosas, políticas, orientação sexual, entre outros.

Se uma campanha segmenta pessoas com base em termos relacionados à saúde — como sintomas, tratamentos ou condições clínicas — isso entra numa zona cinzenta que exige ainda mais cuidado. Nesse caso, o tratamento desses dados deve seguir regras mais rígidas, e o consentimento precisa ser específico, destacando o tipo de dado que será usado.

Além disso, a personalização excessiva pode ser vista como invasiva. Exibir um anúncio sobre depressão para alguém que pesquisou discretamente sobre isso pode parecer útil para o anunciante, mas desconfortável (e até perigoso) para o usuário. Por isso, é essencial revisar com atenção como a segmentação está sendo feita nesse tipo de campanha.

 

Responsabilidade solidária entre Google e anunciante

Muita gente acredita que, por usar uma plataforma grande como o Google, toda a responsabilidade legal recai sobre o provedor. Mas não é bem assim. A LGPD trata anunciantes e plataformas como corresponsáveis pelo tratamento de dados. Isso significa que tanto o Google quanto quem anuncia têm deveres — e podem ser cobrados judicialmente.

Uma agencia google ads experiente sabe disso e já estrutura campanhas pensando em conformidade. Isso inclui selecionar públicos baseados em dados agregados, evitar segmentações excessivamente personalizadas e garantir que o site do cliente esteja de acordo com as exigências legais — principalmente na coleta de consentimento.

Além disso, os contratos entre o anunciante e o Google Ads incluem cláusulas que preveem responsabilidades em relação à LGPD. Isso obriga ambas as partes a garantir que os dados coletados estejam sendo usados de forma legal, transparente e segura. Ignorar essas obrigações pode custar caro — literalmente.

 

A importância de documentar e auditar os processos

Conformidade com a LGPD não é só sobre pedir consentimento. Também é sobre provar que você pediu, que armazenou de forma segura e que sabe o que está fazendo com os dados. Por isso, é fundamental documentar os fluxos de dados, manter registros de consentimentos e ter políticas claras de privacidade no site.

Empresas que contam com uma agencia especializada em google ads podem se beneficiar de práticas já padronizadas, como auditorias periódicas, gestão de tags e uso de plataformas de gerenciamento de consentimento. Isso não só ajuda na conformidade, mas também melhora a organização e a transparência da operação de marketing.

Outro ponto importante é o uso do Google Tag Manager de forma controlada. Muitas vezes, os scripts de rastreamento inseridos por agências ou times internos passam despercebidos e coletam dados sem consentimento válido. Isso precisa ser monitorado com rigor — e, se possível, automatizado para reduzir riscos.

 

O futuro da publicidade digital com privacidade

Com a pressão global por mais privacidade, o mercado está se adaptando. O fim dos cookies de terceiros, as atualizações no Android e iOS, e até as novas diretrizes do próprio Google indicam que o caminho da publicidade digital será cada vez mais voltado para o respeito aos dados. E isso não é ruim — é uma oportunidade.

Quem entender essa nova lógica e se antecipar às mudanças poderá criar campanhas mais éticas, sustentáveis e eficazes. Afinal, usuários que confiam em uma marca tendem a se engajar mais com ela. A privacidade pode (e deve) ser um diferencial competitivo.

Portanto, mais do que cumprir uma obrigação legal, seguir a LGPD no uso do Google Ads é uma forma de construir uma relação de confiança com o público. E em um mercado saturado de anúncios e promessas, confiança é o bem mais valioso que uma empresa pode ter.

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