Chatbots no WhatsApp e LGPD: o que você precisa saber

Por Parceria Jurídica

7 de maio de 2025

Se você usa ou pretende usar chatbots no WhatsApp, tem uma sigla que precisa entrar no seu radar imediatamente: LGPD. A Lei Geral de Proteção de Dados já está em vigor no Brasil e afeta diretamente qualquer empresa que coleta, armazena ou trata dados pessoais — mesmo que seja só o nome e o número de telefone de um cliente.

E é aí que muita gente se complica. Porque na empolgação de implementar automação e inteligência artificial nos atendimentos, algumas empresas esquecem de estruturar processos de coleta e uso de dados conforme as exigências legais. O resultado? Risco de multas, processos e — pior — perda de confiança do público.

Mas calma. Isso não significa que você precisa abandonar os bots ou travar o avanço da tecnologia. Pelo contrário: é totalmente possível criar um ambiente automatizado, eficiente e ainda assim seguro e transparente. O segredo está em conhecer os princípios da LGPD e aplicá-los desde a fase de planejamento do seu sistema de atendimento.

Neste artigo, vamos explicar como unir chatbots no WhatsApp com boas práticas de proteção de dados. Porque sim, dá pra fazer automação com inteligência e responsabilidade ao mesmo tempo — e isso, aliás, é o futuro.

 

O que a LGPD exige de quem usa automação no atendimento

A LGPD tem como objetivo principal proteger os dados pessoais dos cidadãos brasileiros. E quando falamos em atendimento via WhatsApp com bots, esses dados estão por toda parte: nome, CPF, endereço, preferências de compra, histórico de conversas… tudo isso entra na categoria de dados pessoais.

Portanto, se a sua empresa usa automação com IA para responder clientes, é essencial seguir princípios como: obtenção de consentimento, finalidade clara do uso dos dados, armazenamento seguro e possibilidade de exclusão das informações a qualquer momento.

Isso significa que o seu bot não pode simplesmente sair coletando informações sem avisar o usuário. Ele precisa informar por que está pedindo cada dado e o que será feito com essa informação. Tudo de forma clara, simples e acessível — nada de “juridiquês”.

Além disso, sua plataforma precisa garantir que os dados estejam protegidos contra acessos indevidos, vazamentos e usos indevidos. Isso envolve desde criptografia até controle de acesso por parte da equipe interna.

 

Consentimento: como e quando pedir?

Esse é um dos pontos mais sensíveis da LGPD: o consentimento. Para usar dados pessoais, é preciso que o titular — ou seja, o cliente — concorde de forma livre, informada e inequívoca. Ou seja, nada de caixas marcadas automaticamente ou mensagens genéricas dizendo “ao continuar, você aceita nossos termos”.

Em um chatbot para Whatsapp, isso pode ser feito com uma mensagem clara logo no início do atendimento, explicando para que os dados serão usados e pedindo a confirmação do usuário. Exemplo: “Podemos usar seus dados para personalizar o atendimento e oferecer ofertas exclusivas? Responda SIM para continuar.”

O importante é registrar esse consentimento de forma segura — e permitir que ele seja revogado a qualquer momento. Se o cliente quiser, ele precisa ter um caminho fácil para apagar seus dados ou interromper o uso automatizado.

Esse processo, aliás, pode (e deve) ser automatizado. O próprio chatbot pode oferecer opções como “excluir meus dados”, “rever permissões” ou “saber como meus dados estão sendo usados”. Isso mostra transparência e evita problemas legais.

 

Segurança da informação no sistema de atendimento

Não adianta ter consentimento se os dados do cliente estão desprotegidos. Por isso, segurança da informação é um dos pilares da LGPD. E isso inclui como as mensagens são armazenadas, como são acessadas e quem dentro da sua empresa pode ver essas informações.

Usar um sistema atendimento whatsapp com camadas de segurança integradas é o primeiro passo. A plataforma deve oferecer criptografia de ponta a ponta, autenticação por múltiplos fatores e registro de atividades para garantir rastreabilidade.

Também é importante limitar o acesso aos dados. Cada colaborador deve ter acesso apenas às informações necessárias para sua função. E todas as interações devem ser registradas para que, em caso de incidente, seja possível rastrear o que aconteceu.

Além disso, é preciso ter uma política clara de armazenamento e descarte de dados. Nada de manter informações indefinidamente. Se o dado não é mais necessário, ele deve ser eliminado com segurança — algo que, inclusive, pode ser automatizado no próprio sistema.

 

Transparência: o que o usuário precisa saber?

Outro princípio da LGPD é a transparência. O cliente precisa saber que está falando com um bot, o que está sendo coletado e como isso será usado. Nada de criar um chatbot que finge ser humano ou omite a coleta de dados.

Logo no início da conversa, o bot deve se identificar como assistente virtual e informar que está ali para ajudar — mas que a conversa está sendo registrada. Se for pedir dados como CPF ou endereço, explique por quê. “Precisamos do seu CPF para localizar seu pedido no sistema, tudo bem?” — simples assim.

Você também pode incluir um link para a política de privacidade da empresa e oferecer ao usuário a opção de conversar com um atendente humano. Isso mostra respeito e aumenta a confiança no seu atendimento automatizado.

E lembre-se: transparência não é só uma exigência legal. É também um diferencial competitivo. Quanto mais claro for o processo, maior será a sensação de segurança do cliente — e isso conta muito na hora de decidir entre você e a concorrência.

 

Como a IA pode ajudar (ou atrapalhar) nesse processo

A inteligência artificial pode ser uma grande aliada da conformidade com a LGPD — desde que usada com responsabilidade. Ela pode identificar dados sensíveis automaticamente, alertar sobre riscos de uso indevido e até ajustar as respostas conforme as permissões do usuário.

Mas também pode ser um risco, se não for bem configurada. Um bot treinado com dados antigos e sem filtros adequados pode acabar expondo informações, responder de forma inadequada ou armazenar conteúdo sem consentimento.

Por isso, é essencial treinar a IA com base em cenários reais, mas sempre respeitando as diretrizes de proteção de dados. E claro: revisar periodicamente os fluxos, as bases de conhecimento e os acessos utilizados pela IA.

Uma boa prática é incluir comandos específicos no bot, como “quero rever meus dados” ou “quero saber o que vocês têm sobre mim”. Isso mostra que a empresa leva a sério a proteção de dados e está preparada para lidar com solicitações da LGPD.

 

Auditoria e registro: estar pronto para fiscalizações

Por fim, vale lembrar que a LGPD prevê a atuação da ANPD (Autoridade Nacional de Proteção de Dados), que pode fiscalizar empresas e aplicar sanções em caso de descumprimento. E para se proteger, é essencial manter registros de tudo.

Isso inclui logs de atendimento, registros de consentimento, relatórios de acesso e histórico de alterações nos sistemas. Tudo deve estar documentado, de preferência com data, horário e identificação do responsável.

Automatizar esses registros é uma forma de ganhar tempo e evitar erros. Um bom sistema de atendimento já deve oferecer esse tipo de relatório, que pode ser usado tanto para auditorias internas quanto para comprovação legal.

No fim das contas, o que está em jogo é a confiança. O cliente precisa sentir que está em um ambiente seguro, mesmo que a conversa esteja sendo conduzida por um robô. E quando isso acontece, a tecnologia deixa de ser uma ameaça e se torna uma aliada poderosa.

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