Quais direitos educacionais ainda são pouco conhecidos?

Por Parceria Jurídica

15 de julho de 2025

Você sabia que muitos dos direitos garantidos por lei aos estudantes universitários simplesmente passam despercebidos? Pois é. Muita gente acredita que entrar na faculdade é só sentar, assistir aula, fazer prova e rezar pelo diploma. Mas o universo acadêmico é bem mais complexo do que isso — e cheio de garantias legais que poucos conhecem ou usam de fato.

O mais curioso é que esses direitos não são novos. Eles estão em leis, portarias e regulamentos que existem há anos, mas por alguma razão ficaram restritos aos murais da coordenação ou perdidos no site da instituição. A falta de acesso à informação — ou até o medo de questionar — faz com que muitos estudantes passem pela universidade sem sequer saber o que poderiam ter exigido desde o primeiro semestre.

E não estamos falando só de descontos ou isenções, mas de direitos mais estruturais: acessibilidade, assistência estudantil, trancamento especial, reposição de aulas, direito à segunda chamada, atendimento psicológico… a lista é grande. E, em tempos de crise e sobrecarga emocional, entender o que é garantido por lei pode ser um alívio e tanto.

Se você está na universidade (ou prestes a entrar) e quer entender como garantir seus direitos sem depender da sorte ou da boa vontade da secretaria, esse texto vai te abrir os olhos. Vamos conversar sobre o que já é seu — e como fazer valer, sem complicação.

 

Direito à orientação profissional e apoio ao primeiro emprego

Um dos direitos mais negligenciados é o de receber orientação para o mercado de trabalho. Sim, a universidade tem a responsabilidade de oferecer suporte ao estudante em sua transição para o mercado. Isso pode incluir oficinas, feiras de carreira, palestras e até ajuda para criar o primeiro currículo — mas quase ninguém cobra isso da instituição.

É verdade que algumas faculdades têm núcleos de apoio à carreira bem ativos. Mas muitas oferecem apenas o básico, e de forma pouco acessível. O estudante, por sua vez, nem sempre sabe que pode (e deve) solicitar esse tipo de orientação. Afinal, não é só sobre conseguir o diploma, mas também saber o que fazer com ele depois.

Pra quem está nesse momento, buscando um caminho profissional claro, vale muito dar uma olhada em conteúdos como este aqui: como montar currículo para primeiro emprego. Às vezes, uma boa orientação faz mais diferença do que a nota final da disciplina.

 

Compensação para estudantes com jornada noturna

Muitos estudantes universitários trabalham à noite — seja em bares, hospitais, mercados ou outros setores com escalas noturnas. E poucos sabem que há respaldo legal pra solicitar apoio acadêmico nesse contexto. Isso inclui reposição de provas, mudança de turnos e, em alguns casos, até adequação da carga horária.

Embora a legislação seja mais clara no Ensino Médio e Técnico, algumas universidades públicas e privadas vêm adotando políticas internas que reconhecem essa condição. O estudante precisa apresentar documentos e fazer o pedido formal, mas a maioria das instituições é obrigada a oferecer alternativas viáveis.

Se você é um desses guerreiros da madrugada, vale entender melhor como calcular adicional noturno. Porque, além dos direitos educacionais, há também questões trabalhistas que merecem sua atenção — e garantem que o esforço valha a pena nos dois lados da vida.

 

Direito à experiência prática: estágio garantido

O estágio obrigatório é parte da formação em muitos cursos. Mas o que pouca gente percebe é que o estudante tem direito a condições adequadas pra essa prática. Isso inclui carga horária compatível com os estudos, acompanhamento de um supervisor e — se for o caso — acesso a transporte ou ajuda de custo por parte da instituição.

Além disso, existe um limite de horas semanais de estágio pra quem ainda está em sala de aula. E caso a instituição não ofereça apoio ou articulação com empresas parceiras, o estudante pode reivindicar esse suporte. Não é favor: é parte do processo de formação previsto em lei.

Pra quem ainda está tentando entender esse universo, esse conteúdo pode ajudar bastante: qual a diferença entre jovem aprendiz e estagiario. Entender as regras ajuda a identificar abusos — e a aproveitar melhor as oportunidades legítimas.

 

Acesso à assistência estudantil e serviços psicológicos

Se a gente pensa que o ensino superior é só aula e prova, estamos ignorando um mundo de direitos pouco usados. Um deles é o de acessar serviços de assistência estudantil: auxílio moradia, alimentação subsidiada, atendimento psicológico gratuito, inclusão digital… tudo isso é previsto (especialmente nas universidades públicas), mas raramente divulgado com clareza.

Em tempos de aumento da ansiedade e da evasão universitária, esse suporte deveria ser básico. Mas o problema é que muitos estudantes sequer sabem onde pedir ajuda. E quando sabem, encontram obstáculos burocráticos, formulários confusos ou falta de retorno. Resultado: direitos que existem acabam sendo ignorados por frustração ou cansaço.

Esse tipo de apoio é ainda mais importante pra quem estuda e trabalha como jovem aprendiz e estagiário. A jornada dupla, ou até tripla, exige suporte real — e o mínimo que se espera é que a universidade esteja preparada pra oferecer isso.

 

Direito à mobilidade acadêmica e intercâmbio

Outro direito pouco explorado é a mobilidade acadêmica, ou seja, a chance de estudar parte do curso em outra instituição — no Brasil ou fora dele. Esse direito está previsto em muitos regulamentos internos, mas a divulgação é quase nula. Intercâmbios, convênios internacionais, bolsas para pesquisa em outras universidades… tudo isso está ao alcance, especialmente em cursos de graduação.

O problema é que, muitas vezes, o estudante só descobre essa possibilidade perto da formatura — ou quando já perdeu o prazo. E sim, as exigências são muitas (CR mínimo, proficiência, documentos), mas nada que não possa ser cumprido com um pouco de planejamento. A questão é: por que ninguém fala disso com clareza desde o primeiro semestre?

Se esse assunto despertou sua curiosidade, recomendo fortemente dar uma olhada nos benefícios de realizar um intercâmbio. Estudar fora pode ser mais viável do que parece — e é um direito que pode transformar sua trajetória acadêmica e profissional.

 

Reposição de atividades e trancamento especial

Por fim, há dois direitos que raramente são explicados com clareza: o trancamento especial e a reposição de atividades. Se o estudante enfrenta problemas de saúde, luto, gravidez, ou até instabilidade emocional severa, ele pode solicitar o trancamento sem perder vínculo com o curso. Isso vale também para intercambistas ou estudantes que precisem se afastar por outros motivos relevantes.

Já a reposição de atividades vale quando o aluno perde provas ou aulas por motivos justificáveis. Não é “carteirada” — é previsão legal. E a instituição tem o dever de oferecer alternativa, desde que a justificativa seja formalizada e aceita. O problema é que muitos alunos nem sabem disso e acabam aceitando a reprovação sem contestar.

Esses dois direitos são particularmente importantes em tempos de crise (pandemia, desastres naturais, questões familiares). A universidade deve atuar com empatia — mas também com base na legislação. Saber disso pode fazer a diferença entre desistir do curso ou seguir em frente com dignidade.

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