Playgrounds parecem espaços simples à primeira vista — escorregadores, balanços, talvez uma gangorra e pronto, certo? Errado. Quando o assunto é segurança infantil, esses ambientes precisam seguir regras bem específicas, definidas por normas técnicas e legislações que pouca gente conhece em detalhes. E entre os pontos mais críticos dessas regras está o piso.
O tipo de revestimento usado no chão de um playground não é uma escolha estética ou de conveniência. Ele pode ser o que separa um tombo bobo de um trauma sério. É por isso que os órgãos reguladores passaram a exigir materiais que amortecem quedas e oferecem menor risco de escorregamento — como o piso emborrachado para playground.
Quem está à frente da gestão de escolas, condomínios ou praças públicas precisa ficar atento. O uso de materiais inadequados pode gerar não só acidentes, mas também complicações jurídicas. Sim, estamos falando de responsabilidade civil — e às vezes até criminal — em caso de lesões provocadas por negligência no projeto ou na manutenção do espaço.
Neste artigo, vamos explorar o que dizem as normas brasileiras sobre segurança em playgrounds, como aplicar esses requisitos na prática e por que seguir a legislação é mais do que uma formalidade: é um compromisso com a vida e o bem-estar das crianças.
As normas da ABNT que regem playgrounds no Brasil
O ponto de partida legal para qualquer projeto de área infantil no Brasil é a série de normas da ABNT NBR 16071, que regulamenta desde o projeto até a instalação e manutenção de playgrounds. Essa norma é composta por sete partes e trata de tudo — sim, tudo — que envolve a segurança do espaço.
No que se refere ao piso, a norma determina que qualquer equipamento com altura superior a 60 cm deve ser instalado sobre superfície com capacidade de absorção de impacto. Isso significa que cimento, grama natural, areia seca ou cerâmica não são aceitos como base segura para brinquedos elevados.
Os pisos devem ser testados e certificados com base em um critério chamado HIC (Head Injury Criterion), que mede a força de impacto absorvida em caso de queda. Se o valor ultrapassar o limite estipulado pela norma, o piso é considerado inadequado para uso em playgrounds.
É aí que entra o piso de borracha — mais especificamente o desenvolvido com foco em amortecimento, espessura adequada e teste técnico. Sem esse tipo de material, o espaço está fora de norma. E isso pode virar problema na justiça em caso de acidente.
Responsabilidade legal em acidentes e omissão
Quando uma criança se machuca gravemente em um playground mal projetado, a dor vai muito além do machucado físico. Os responsáveis legais da criança, muitas vezes, procuram explicações — e compensações. E se for comprovado que houve falha na estrutura ou no uso de materiais inadequados, o administrador do espaço pode ser responsabilizado.
Isso vale para escolas, clubes, prefeituras e condomínios. O Código Civil Brasileiro, em seu artigo 927, estabelece que quem, por ato ilícito (inclusive por negligência ou omissão), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. E a jurisprudência já reconhece que deixar de seguir normas técnicas é uma forma de omissão.
Ou seja: mesmo que o gestor não tenha “intenção” de causar dano, ele pode ser responsabilizado por não garantir um ambiente seguro conforme as normas. A falta de piso adequado, sinalização ou manutenção preventiva pode gerar processos de indenização — que muitas vezes superam, em muito, o valor da própria reforma que foi negligenciada.
A boa notícia é que tudo isso pode ser evitado com um projeto técnico bem feito e o uso de materiais certificados. Seguir a lei não só protege as crianças, como protege também quem está por trás do projeto ou da administração.
Critérios para pisos em áreas externas com uso infantil
Nem toda área externa é um playground, mas muitas delas compartilham o mesmo desafio: garantir segurança para crianças que brincam, correm e se movimentam intensamente. Isso inclui pátios de escolas, espaços comuns de condomínios, áreas de recreação em hotéis ou restaurantes e até calçadas urbanas próximas a áreas de lazer.
Nesses casos, o uso de piso emborrachado para área externa com propriedades antiderrapantes, drenagem eficiente e resistência a variações climáticas se torna não apenas desejável — mas muitas vezes necessário para mitigar riscos.
Ainda que não haja uma legislação específica para cada tipo de espaço, o uso de materiais tecnicamente adequados segue sendo um parâmetro importante na avaliação de responsabilidade legal. Em caso de acidente, o juiz pode considerar se houve ou não uso de material compatível com a função do local.
Portanto, o bom senso técnico deve prevalecer. Se é uma área usada por crianças — mesmo que informalmente — vale a pena investir em piso seguro. Prevenir é sempre mais simples (e mais barato) do que resolver um problema depois.
Certificações e laudos técnicos exigidos
Não basta instalar um piso “macio” e achar que está tudo certo. Para cumprir com as exigências legais, o material deve possuir laudos técnicos que comprovem sua capacidade de absorção de impacto. Esses testes são realizados em laboratório, com equipamentos específicos que simulam quedas reais e medem a energia absorvida.
Os melhores fornecedores de piso emborrachado já oferecem esse tipo de documentação junto com o material. Os laudos vêm com informações como HIC, espessura utilizada, tipo de superfície, coeficiente de atrito, resistência ao UV e mais. Em muitos casos, esses documentos são exigidos em licitações ou aprovações de projeto junto a órgãos públicos.
Além disso, é recomendável manter um registro da instalação, com fotos e checklists de manutenção. Isso cria um histórico que pode ser muito útil caso seja necessário provar que o ambiente está em conformidade com as normas.
Não é burocracia — é precaução. E pode significar a diferença entre um processo judicial e a tranquilidade de ter feito tudo corretamente.
Atualizações na legislação e tendência de fiscalização
Nos últimos anos, aumentou a fiscalização em áreas públicas com equipamentos infantis. Prefeituras têm recebido notificações de órgãos de controle, como o Ministério Público e o Tribunal de Contas, por deixarem playgrounds sem manutenção ou fora das normas da ABNT. O mesmo tem ocorrido em condomínios e escolas privadas.
Isso mostra uma tendência clara: a tolerância com ambientes inseguros está diminuindo. E a exigência por laudos, documentação e comprovação técnica está aumentando. Em algumas cidades, inclusive, só é permitida a liberação de novos playgrounds mediante apresentação de ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) assinada por engenheiro responsável.
Além disso, normas mais recentes passaram a incluir requisitos de acessibilidade, sinalização e uso de materiais recicláveis. O piso emborrachado, por exemplo, se encaixa em várias dessas exigências ao mesmo tempo: é seguro, durável, fácil de sinalizar e ainda pode ser feito com borracha reciclada.
Ou seja, quem projeta com atenção à legislação não está apenas se protegendo — está criando ambientes mais inclusivos, modernos e sustentáveis.
O papel do profissional técnico e do fornecedor
Por fim, é importante lembrar: seguir a lei não é uma tarefa solitária. Contar com profissionais qualificados e fornecedores experientes faz toda a diferença. Um arquiteto ou engenheiro que conheça as normas da NBR 16071 pode orientar o projeto desde o início, evitando soluções improvisadas ou inadequadas.
Da mesma forma, fornecedores que trabalham com produtos certificados e suporte técnico vão garantir que o piso seja instalado corretamente, com a documentação necessária e dentro dos parâmetros legais. Isso traz segurança jurídica para quem está contratando e valoriza o projeto como um todo.
Em muitos casos, o barato sai caro — principalmente quando se tenta economizar com materiais genéricos ou soluções improvisadas. A melhor estratégia é fazer certo desde o início. Porque quando o assunto é segurança de crianças, não dá pra correr risco nenhum.